Eu não costumo fazer isso mais eu gostei tanto que ta aqui o primeiro capitulo pra vocês com isso não preciso, escrever mais nada. beijinhos
( foi uma leitora que me pediu pra fazer a resenha do Minha julieta que é o segundo livro, Eu tive que ler o primeiro pra postar o segundo. Valeu Suyanne por me apresentar esse livro maravilhoso, dia 22 é a postagem do segundo livro)
capítulo um
Juntos de novo, cedo demais
Hoje
Nova York
Teatro Graumann
Primeiro dia de ensaio
Corro pela calçada movimentada e um suor nervoso surge nos meus lugares
menos glamorosos.
Escuto a voz da minha mãe na minha cabeça: “Uma dama não transpira,
Cassie. Ela brilha”.
Nesse caso, mãe, estou brilhando como uma porca.
Enfim, nunca me considerei uma dama.
Digo a mim mesma que estou “brilhando” porque estou atrasada. Não por
causa dele.
Tristan, meu colega de apartamento/conselheiro, está convencido de que
nunca deixei de gostar dele, mas isso é besteira.
Deixei totalmente.
Deixei há muito tempo.
Atravesso a rua com pressa, desviando do trânsito frenético de Nova York.
Vários motoristas de táxi me xingam em diversas línguas. Saio mostrando o dedo
do meio alegremente, porque estou bem certa de que isso significa “vai se foder”
no mundo todo.
Olho para o relógio quando entro no teatro e sigo para a sala de ensaios.
Droga.
Cinco minutos atrasada.
Quase posso ver o olhar de prazer na cara do canalha, e fico aterrorizada por
estar com uma vontade avassaladora de dar uns tapas nele antes mesmo de
colocar os pés na sala.
Paro do outro lado da porta.
Consigo fazer isso. Consigo vê-lo e não desmoronar.
Sei que consigo.
Suspiro e pressiono a testa contra a parede.
Quem diabos estou enganando?
Sim, claro, posso fazer uma peça romântica com o ex-namorado que partiu
meu coração não uma, mas duas vezes. Sem problemas.
Bato a cabeça contra a parede.
Se houvesse um Reino de Gente Idiota, eu seria a rainha.
Respiro fundo e solto o ar lentamente.
Quando minha agente ligou com as novidades dessa grande chance na
Broadway, eu devia ter imaginado que não seria tão simples assim. Ela vibrou
comigo por causa do ator que também havia sido escolhido. Ethan Holt: o atual
“It Boy ” do mundo do teatro. Tão talentoso. Vencedor de prêmios. Adorado por
fãs histéricas. Insuportavelmente lindo.
Claro que ela não sabia sobre nossa história. Por que saberia? Nunca falei
sobre ele. Na verdade, eu me afastava quando outras pessoas mencionavam o
nome dele. Era mais fácil de lidar quando ele estava do outro lado do mundo,
mas agora ele está de volta e ameaçando o trabalho dos meus sonhos com sua
presença.
Típico.
Canalha.
Jogar esse jogo não vai ser fácil, mas é preciso.
Tiro meu pó compacto e confiro meu reflexo.
Droga, estou brilhando mais do que o edifício Chry sler.
Passo mais pó e retoco o gloss enquanto me pergunto se ele vai achar que
estou diferente depois de todos esses anos. Meu cabelo castanho, que na
faculdade costumava chegar até o meio das costas, agora está na altura do
pescoço, com camadas irregulares e desfiadas. Meu rosto está um pouco mais
magro, mas acho que sou basicamente a mesma. Lábios decentes. Estrutura
óssea razoável. Olhos que não são nem castanhos nem verdes, mas uma estranha
combinação dos dois. Mais oliva que castanho.
Fecho o pó e o jogo de volta na bolsa, irritada de chegar a cogitar ficar bonita
para ele. Será que não aprendi nada?
De olhos fechados, penso em todas as formas como ele me magoou. Suas
razões idiotas. Suas desculpas esfarrapadas.
A amargura toma conta de mim, e suspiro, aliviada. É desse isolamento que
preciso. Traz à tona minha raiva. Me envolvo com ela como ferro e me consolo
com o fervor da agressividade.
Vou aguentar.
Abro a porta e entro. Antes mesmo de vê-lo, posso senti-lo me observando.
Resisto em olhar para ele porque é o que quero, e uma coisa que aprendi com
Ethan Holt é afastar meus instintos naturais. Seguir minha intuição estragou as
coisas entre nós. O instinto dizia que eu podia ter algo dele, quando, na verdade,
ele não me oferecia nada. Eu me direciono à mesa de produção onde nosso
diretor, Marco Fiori, está tendo uma discussão com os produtores, Ava e Saul
Weinstein. Ao lado deles, há um rosto familiar: a diretora de palco, irmã de
Ethan, Elissa.
Ethan e Elissa são um pacote fechado. Está em seu contrato que ela cuida de
todos os espetáculos em que ele trabalha; o que é estranho, considerando que eles
brigam feito cão e gato.
Eu diria que Elissa é seu cobertor de segurança, mas, imagine!, por que ele
precisaria de um? Ele não precisa de nada ou ninguém, certo? Ele é intocável. É
uma porcaria de um Teflon.
Elissa aponta para um modelo em escala do cenário que vamos usar,
enquanto fala da mecânica do palco.
Os produtores escutam e concordam.
Não tenho problemas com Elissa. Ela é uma diretora de palco fantástica, e
trabalhamos juntas antes. Na verdade, há um milhão de anos costumávamos ser
boas amigas. Na época em que eu ainda achava que o irmão dela era nascido de
uma mãe humana e não diretamente do cu de Satã.
Eles levantam o olhar quando eu me aproximo.
— Eu sei, eu sei. Sinto muito — digo, soltando minha sacola na cadeira.
— Tudo bem, minha cara — Marco responde. — Ainda estamos cuidando
dos detalhes da produção. Relaxe, tome um café. Vamos começar daqui a pouco.
— Bacana. — Reviro a mochila atrás do material de ensaio.
— Ei, oi. — Elissa sorri calorosamente.
— Oi, Lissa.
Por um momento minha raiva é aplacada por uma onda de nostalgia, e
percebo o quanto senti saudade dela. Ela é tão diferente do irmão. Ela baixa e ele
alto. Curvilínea e anguloso. Até as cores são diferentes. Loira e lisa contra
moreno e caótico. E, ainda assim, vê-la novamente me lembra de por que não
nos falamos há anos. Sempre vou associá-la a ele. Muitas lembranças ruins.
Quando tiro a garrafinha d’água, minha bolsa escorrega do banco e cai com
um estrondo no chão. Todo mundo para e olha. Ranjo os dentes quando escuto
uma risadinha.
Vai se foder, Ethan. Não vou nem olhar para você.
Pego a bolsa e jogo de volta na cadeira.
A risadinha vem de novo e eu juro ao todo-poderoso Deus do Homicídio
Justificado que vou matá-lo com as próprias mãos.
Apesar de estar do outro lado da sala, ele poderia estar bem ao meu lado,
porque sua voz vibra pelos meus ossos.
Preciso de um cigarro.
Lanço um olhar para Marco, resplandecente em sua echarpe enquanto ele
descreve a peça, espalhafatoso. É tudo culpa dele. Foi ele que quis Holt e a mim
nesse projeto. Eu me convenci de que esse seria um grande passo para minha
carreira, mas no fim será o último show que vou fazer, porque, se o idiota no
canto não parar de rir, vou ter um ataque assassino a qualquer segundo e vou
passar o resto da vida presa.
Felizmente, a risadinha para, mas ainda posso sentir seu olhar perfurando
minha pele.
Eu o ignoro e reviro a bolsa. Encontrei o cigarro, mas meu isqueiro sumiu.
Preciso seriamente esquecer esse otário. Jesus, existe alguma coisa que eu não
tenha aqui? Chiclete, lencinhos, maquiagem, analgésicos, ingressos velhos de
cinema, frasquinho de perfume, absorvente íntimo, chaves, um bonequinho em
forma de panda da wwf de uma perna só... Que diabos?
— Com licença, srta. Taylor?
Eu levanto para ver um garoto negro bonitinho estendendo o que se parece
demais com meu macchiato favorito.
— Uau, você parece estressada — ele comenta com a quantidade certa de
preocupação para evitar que eu arranque suas orelhas com meus dentes. — Sou
Cody. O estagiário da produção. Café?
— Oi, Cody. — Olho o copo de papelão. — O que tem aí, campeão?
— Um macchiato duplo com creme extra.
Balanço a cabeça em sinal positivo, impressionada.
— Foi o que imaginei. É meu favorito.
— Eu sei. Procuro me familiarizar com o que você e o sr. Holt gostam e não
gostam, para poder antecipar suas necessidades e proporcionar um ambiente
agradável de ensaio.
Um ambiente agradável de ensaio? Comigo e Holt? Ah, pobre criança
iludida. Pego o café dele e sinto o aroma enquanto continuo escavando os
Recônditos de Merda.
— Isso é sério?
Que porra aconteceu com meu isqueiro?
— Sim, senhorita. — Ele tira um isqueiro do bolso e passa para mim com um
lindo sorrisinho de louco.
Jogo a cabeça para trás com um suspiro.
Jesus, o garoto foi enviado pelo próprio Deus.
Eu pego o isqueiro e resisto à vontade de abraçá-lo. Tristan diz que sou um
pouco grudenta demais. Na verdade, o termo dele é pegajosa, mas modifiquei
para eu me sentir um pouco melhor.
Em vez de abraçá-lo sorrio para o moleque.
— Cody, espero que você não entenda errado, porque sei que acabamos de
nos conhecer, mas... acho que estou apaixonada por você.
Ele ri e abaixa a cabeça.
— Se quiser dar uma saidinha, eu vou te buscar quando eles estiverem
prontos para começar.
Se ele não parecesse ter dezesseis anos, provavelmente lhe daria um beijo.
De língua.
— Você arrasa, Cody.
Vejo uma forma escura na minha visão periférica, esparramando-se numa
cadeira do lado oposto da sala, então ajeito os ombros e me empino como se não
desse a mínima.
O calor do seu olhar me segue até eu chegar à escadaria, aí esmoreço.
Digo a mim mesma que não sinto falta desse calor.
A escadaria é íngreme e mal iluminada, e leva a um beco atrás do teatro.
Antes mesmo de a porta se fechar atrás de mim, acendo um cigarro. Eu me
recosto nos tijolos frios, inspiro e levanto o olhar para a linha fina de céu entre os
prédios. A nicotina faz pouco para acalmar meus nervos. Tenho certeza de que
nada menos do que sedativos cirúrgicos vai me ajudar hoje.
Termino o cigarro e me encaminho de volta para a entrada do palco, mas,
antes de poder segurar a maçaneta, a porta se abre, e o gatilho de todas as
minhas raivas é apertado. O jeans escuro modela seu corpo de uma forma que
eu realmente não devia sequer notar.
Os olhos são como os que eu lembrava. Azul-pálidos, hipnotizantes. Cílios
escuros espessos. Ardentemente intensos.
Mas o resto...
Ai, Deus, esqueci.
Eu me forcei a esquecer.
Até hoje ele é o cara mais bonito que já vi. Não, bonito não é suficiente.
Atores de novela são bonitos, mas de uma forma completamente previsível, sem
graça. Holt é... cativante. Como uma rara pantera exótica. Beleza e poder em
partes iguais. Enigmático sem nem mesmo tentar.
Odeio como ele é bonito.
Sobrancelhas arqueadas e marcantes. Queixo definido. Lábios carnudos na
medida certa para serem lindos, que no contexto de seus outros traços parecem
poderosamente masculinos.
Seu cabelo escuro está mais curto do que na última vez que o vi, e o faz
parecer mais maduro. E mais alto, se é que é possível.
Sempre fui muito menor que ele. Um e sessenta e sete meu contra um e
noventa e dois dele. E pela largura dos ombros, ele está malhando desde a
faculdade. Não em excesso, mas o suficiente para o desenho dos músculos saltar
sob a camiseta escura.
O sangue sobe para minhas bochechas e quero me dar um tapa por essa
reação.
Confie nele para parecer mais atraente do que nunca. Idiota.
— Oi. — Ele me cumprimenta como se eu não tivesse passado os últimos
três anos sonhando em socar a linda cara de canalha dele.
— Olá, Ethan.
Ele me encara, e, como de costume, sinto o calor dele no fundo dos meus
ossos.
— Você está bonita, Cassie.
— Você também.
— Seu cabelo está mais curto.
— O seu também.
Ele dá um passo à frente. Odeio a forma como olha para mim. Elogiando e
aprovando. Faminto. Essa atitude me atrai contra minha própria vontade, como
se ele fosse um papel pega-mosca. E tudo dentro de mim está zumbindo e
tentando se soltar.
— Faz muito tempo.
— Sério? Nem notei. — Estou tentando soar entediada por fora. Não quero
que saiba o que está fazendo comigo. Ele não merece essa reação. Mais
importante: eu também não.
— Como você está? — ele pergunta.
— Estou bem. — Resposta automática. Não significa nada. Tenho estado
tudo, menos bem. Seu olhar permanece em mim, e eu realmente sinto vontade
de estar em outro lugar. Porque agora ele parece com o que costumava parecer,
e dói lembrar.
— E você? — pergunto com uma polidez exagerada. — Como está?
— Estou... bem. — Há algo em seu tom de voz. Algo enterrado. Ele deixou
uma pontinha de fora para atrair minha curiosidade, mas não quero escavar isso
para descobrir mais porque sei que é o que ele quer.
— Uau, que ótimo, Ethan — respondo, controlando a animação para apenas
irritá-lo. — Bom saber.
Ele olha para o chão e passa a mão pelo cabelo. Sua postura fica tensa com a
forma familiar do babaca que conheço tão bem.
— É isso, então. Três anos e é tudo o que você tem a me dizer. É claro.
Meu estômago revira.
Não, seu merda, não é tudo o que tenho a dizer, mas qual é a questão? Tudo
já foi dito, e fazer rodeios não é minha ideia de diversão.
— É, é isso — confirmo com a voz leve e passo por ele. Abro a porta e desço
as escadas batendo os pés, ignorando a comichão na pele, onde nos tocamos. Há
um “porra” abafado antes de eu escutá-lo correr atrás de mim. Tento ser mais
rápida, mas ele pega meu braço antes de chegarmos lá embaixo.
— Cassie, espere.
Ele me puxa e acabo me virando para encará-lo, e espero que ele pressione
o corpo contra mim. Para me destruir com sua pele e cheiro como fez tantas
vezes antes.
Mas ele não se move.
Apenas fica ali parado, e todo o ar da estreita escadaria fica espesso como
algodão. Sinto claustrofobia, mas não vou demonstrar.
Sem fraquezas.
Ele me ensinou isso.
— Escute, Cassie. — Odeio sentir tanta saudade de ouvi-lo dizendo meu
nome. — Você acha que a gente consegue colocar toda aquela merda para trás e
começar de novo? Eu realmente quero voltar. E achei que você iria querer
também.
A expressão dele é cheia de sinceridade, mas já vi isso antes. Toda vez que
confiei nele, terminei com o coração destroçado.
— Quer começar de novo? Ah, claro. Sem problema. Por que não pensei
nisso?
— Não precisa ser assim.
A questão é que não estou sendo sensata. Se eu não estivesse com tanta raiva,
eu riria.
— Então, como seria isso, hein? — As palavras saem como ácido. — Por
favor, Holt, me diga. Afinal, era você quem tomava as decisões sobre nosso
relacionamento. Como quer brincar desta vez? Amiguinhos? Parceiros de sexo?
Inimigos? Ah, espera, já sei! Por que você não banca o merda que partiu meu
coração e eu faço a mulher que não quer mais nada com você fora dessa sala de
ensaios? Que tal?
Seu queixo trava.
Está bravo. Bom.
Disso eu entendo.
Ele esfrega os olhos e expira. Espero que ele grite, mas ele não grita.
— Nada do que eu disse nos meus e-mails significou alguma coisa para você,
né? Achei que podíamos ao menos ser capazes de conversar sobre o que
aconteceu. Você ao menos leu? — Seu tom de voz é baixo.
— Eu li. Só não acreditei. Tudo tem limite. Quer dizer, eu tenho um limite
para a quantidade de vezes que posso engolir suas baboseiras sem vomitar. Como
é a frase? Me engane uma vez, a vergonha é sua. Me engane duas...
— Não estou enganando você desta vez. Nem a mim. No passado, fiz o que
precisava ser feito, por nós dois.
— Está brincando comigo? Você precisa mesmo que eu lembre a você o que
você fez comigo? Isso foi minha culpa?
— Não. — Sua voz está repleta de frustração. — Claro que não. Eu só
queria...
— Quer que eu dê outra chance para você acabar comigo? Quão idiota você
acha que eu sou?
Ele balança a cabeça.
— Quero que as coisas sejam diferentes. Se quer que eu me desculpe, eu me
desculpo até perder a porra da voz. Só quero que as coisas fiquem bem entre nós.
Fale comigo. Me ajude a consertar isso.
— Não dá.
— Cassie...
— Não, Ethan! Desta vez, não. Nunca mais.
Ele se inclina para a frente. Está muito próximo. Próximo demais. Tem o
cheiro que costumava ter, e eu não consigo raciocinar. Quero empurrá-lo para
longe para eu poder esfriar a cabeça. Ou bater nele até que ele entenda que não
sou realmente feliz há anos, e é tudo culpa dele. Quero fazer tantas coisas, mas
tudo o que faço é ficar parada ali, odiando o quanto ele ainda suga minhas forças.
Sua respiração está tão ofegante quanto a minha. Seu corpo, tão tenso quanto.
Mesmo depois de tudo o que passamos, a atração que sentimos um pelo outro
ainda nos tortura. Como nos velhos tempos.
Graças a Deus a porta no fim das escadas se abre e avisto Cody nos
encarando com uma expressão confusa.
— Sr. Holt? Srta. Taylor? Está tudo certo? — Holt se afasta de mim e passa os
dedos no cabelo.
Minha respiração está entrecortada, superficial.
— Está tudo bem, Cody. Tudo bem.
— Tudo bem, então. — Ele se anima. — Só para dizer que estamos prestes a
começar.
Ele desaparece e de novo somos apenas nós. Nós e o monte de merda que
podemos carregar.
— Estamos aqui para um trabalho — começo, com a voz firme. — Vamos
apenas trabalhar.
A sobrancelha dele se franze e a sua mandíbula enrijece, e por um segundo
penso que ele não vai deixar por menos, mas ele diz:
— Se é o que você quer.
Eu afasto uma vaga sensação de decepção.
— É, sim.
Ele assente e, sem dizer outra palavra, desce as escadas e entra pela porta.
Levo um momento para me recompor. Meu rosto está quente, o coração,
acelerado; eu quase rio quando penso como já estou envolvida por ele, e nem
começamos ainda os ensaios. As próximas quatro semanas vão me sugar mais
energia que um buraco negro.
Eu me indireito e sigo para a sala de ensaios.
Quando chego para pegar o roteiro e água, há apenas uma cadeira sobrando
na mesa de produção, e naturalmente é ao lado de Holt. Eu a puxo para o mais
longe dele que posso e me afundo no plástico desconfortável.
— Está tudo bem? — Marco pergunta e levanta a sobrancelha.
— Sim. Ótimo — respondo com um sorriso, e é como se eu estivesse de volta
ao primeiro ano da escola de teatro, dizendo o que os outros querem ouvir para
que fiquem felizes mesmo quando eu não estou. Interpretando o papel.
— Então vamos começar, né? — Marco anuncia, e há outro farfalhar de
papel quando todos abrem os roteiros.
Que grande ideia. Todas as boas histórias precisam começar em algum
ponto.
Por que esta deveria ser diferente?
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